Por Eráclito Lima Santana
Os últimos anos têm sido marcados por uma escalada significativa de conflitos em diversas regiões do globo. A guerra entre Ucrânia e Rússia continua sendo o principal epicentro das tensões na Europa, com impactos que vão muito além das fronteiras dos dois países. Após a invasão russa em 2022, o prolongado embate militar não apenas gerou uma crise humanitária sem precedentes, mas também redefiniu alianças estratégicas globais, dividindo o mundo em blocos e intensificando as preocupações com o uso de armas nucleares.
Enquanto isso, no Oriente Médio, as relações entre Israel e os países vizinhos, como Irã, Líbano e Síria, seguem em uma constante e perigosa instabilidade. A questão palestina, há décadas um dos maiores pontos de tensão da região, e após o massacre de 07 de outubro de 2023 à comunidade israelense por terrorista do Hamas, parece ainda mais distante de uma solução pacífica, enquanto ataques e represálias de todos os lados, continuam a ceifar vidas inocentes. A presença de potências globais nessas disputas adiciona complexidade, com interesses geopolíticos que amplificam os riscos de um conflito regional em escala ampliada.
Na Ásia, as tensões na Península Coreana também atingem níveis alarmantes. A Coreia do Norte, intensificando testes de mísseis balísticos e fortalecendo sua retórica agressiva, tem elevado os receios de um confronto direto com a Coreia do Sul e seus aliados. Paralelamente, a questão de Taiwan segue como um dos pontos mais delicados das relações sino-americanas. A República da China enfrenta uma crescente pressão militar e diplomática por parte de Pequim, aumentando o temor de que um erro de cálculo possa desencadear um confronto de proporções globais.
Nem mesmo a América do Sul está imune a essas tensões. As relações entre Brasil e Venezuela têm oscilado entre momentos de diálogo cauteloso e períodos de forte antagonismo. Divergências ideológicas, fronteiras vulneráveis e a crise humanitária venezuelana têm gerado fricções que ameaçam a estabilidade regional.
Esses conflitos, embora diversos em suas origens, revelam um padrão inquietante: um ciclo de caos que se alimenta e cresce, corroendo estruturas sociais, econômicas e institucionais. Quando essas tensões se sobrepõem, criam um efeito dominó de instabilidade global, onde sistemas antes sólidos começam a desmoronar. A história mostra que, em determinado ponto, os danos tornam-se irreversíveis, tornando impossível qualquer tentativa de restauração.
Assim, resta apenas a reconstrução, um processo árduo que demanda não apenas recursos materiais, mas também um novo pacto civilizacional. “Todas as vezes que estes padrões surgem, o caos começa a se alimentar de tudo que foi construído até que seja consumido por completo, e a partir de um determinado ponto, a restauração não é mais possível, apenas a reconstrução”. O que nos convida a refletir sobre a urgência de prevenir o avanço do caos. Afinal, somente por meio do diálogo e da cooperação internacional será possível evitar o colapso de tudo que construímos, evitando a reconstrução e preservar a esperança de um futuro mais equilibrado e humano.