Os festejos da comemoração dos 473 anos de N. S. d’Ajuda, tiveram fim nesta segunda-feira, dia 15 de agosto. Desde o dia 6 deste mês o Santuário em Arraial d’Ajuda tem recebido milhares de fiéis que acompanharam a novena, as celebrações eucarísticas, romaria e procissão. A devoção à santa é uma das mais antigas do Brasil, trazendo romeiros da região, do País todo e do mundo ao vilarejo.
O tema para este ano foi ‘Senhora D’Ajuda, Mãe Sábia e Amorosa’ e a cada dia, havia um lema e um homenageado e missa, organizada pelas comunidades da paróquia. A missa festiva desta segunda-feira, foi presidida pelo Bispo da Diocese de Eunápolis, do qual faz parte Porto Seguro, Dom José Edson Oliveira.
Após a Celebração Eucarística, uma grande procissão percorreu as principais ruas do distrito. Este ano a Rua Mucugê também foi incluída no roteiro, que recebeu fiéis, devotos e romeiros em ato de fé e devoção. O evento também foi transmitido on-line pela página do Santuário no Facebook e em seu canal no YouTube.
Romaria
A Romaria 2022, chega a seu sétimo ano com uma participação maciça. Foram mais de 600 romeiros enfrentando quase 70km, a pé, partindo de Eunápolis ao Santuário. Além desses há ainda outros fiéis que vieram de cidades próximas como Santa Cruz Cabrália e Itabela, e outros ainda de cidades mais distantes e que fazem a viagem de carro ou em excursões.
Os dois anos de Pandemia e o distanciamento social provocado pela pandemia de Covid-19, fez com que não fosse celebrada a programação da Festa de Nossa Senhora d’Ajuda, presencialmente. No entanto, este ano. a programação voltou e a romaria, que é realizada anualmente há mais de 470 anos em agosto, volta a fazer parte do calendário do turismo religioso no município, além do regional e tradicional do distrito que recebe o nome da santa e atrai turistas e romeiros, além de movimentar feiras, serviços de hotelaria e comércio em geral.
Onde tudo começou – O Milagre
É sabido que, por conta de grandes perigos e desafios enfrentados nas travessias de mares e oceanos, navegadores e caravelas reais, tinham por costume colocar suas naus sob a proteção de Maria, invocada como N. S. d’Ajuda, o que se estendeu também ao Brasil- Colônia do século XVI. Por devoção de cinco padres jesuítas, em dezembro de 1549, integrando a comitiva do Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, chegaram ao distrito de Arraial d’Ajuda, Porto Seguro, trazendo uma bela imagem de cerca de 30 cm e ali se estabeleceram, construindo uma capela em honra à Santa.
O primeiro milagre, segundo a tradição, reforça que os jesuítas após inúmeras tentativas, não encontravam água potável. Em sua devoção, pediram a ajuda da Santa e enquanto era celebrada a missa surgiu misteriosa e mansamente uma fonte de água viva sob uma árvore ali perto. Muitas histórias são relatadas acerca deste milagre, inclusive de que a fonte brota do altar da igreja e que cura doenças e faz milagres.
O pregador jesuíta, José de Anchieta, foi um dos que descreveram este milagre. Seu relato consta do início do século XVI sobre o “sonoro brando sussurro da água que milagrosamente jorrou de uma fonte, fora do frontispício da igreja, ao pé de uma frondosa árvore, quando o Pe. Francisco Pires celebrava ali o santo sacrifício da missa”. Pe. Simão de Vasconcelos em sua “Crônica da Companhia de Jesus no Estado da Bahia”, revela na edição de 1864, que “um lenhador (…), subindo certo dia o ápice da montanha, de repente topou surpreso em um calhau; era a milagrosa santinha”.
E a partir daí, inúmeros foram os milagres de N. S. d’Ajuda. O que é possível constatar pela Sala de Ex-votos, anexa à igreja, que guarda desde pinturas, a fotos e objetos.