‘Menino de Vó’ ganha versão com baiano e tenta se afastar de associação a violência policial

Você com certeza já ouviu o seguinte verso ao circular pelas redes sociais: “O menino de vó vai deixar vovó…”. O contexto, no entanto, é algo questionável e até triste para a história original da música. 

A faixa, uma criação da pernambucana Mãe Nininha de Oyá, de 71 anos, passou a ser utilizada em vídeos de operações policiais, muitas vezes com violência, contexto completamente diferente do original, que era uma homenagem para o neto de Nininha, Felipe Matheus, que estava deixando a avó para viver uma vida de aventuras.

As vésperas do Carnaval da Bahia e também do Carnaval de Pernambuco, aqui talvez seja o único momento em que os dois estados não entrem em “guerra” ao falar sobre o assunto, a canção voltou a circular nas redes sociais e ser apontada como uma das apostas de 2024 para a folia.

Na Bahia, o hit de Mãe Nininha, lançado há 12 anos, ganhou o toque do cantor e compositor Mister Galiza, que em 2022 já tinha viralizado com outra música a do ‘Zap Zap’. 

Em entrevista ao Bahia Notícias, Galiza revelou que chegou a música de Nininha como todas as outras pessoas, através dos vídeos de abordagem policial. “A música estava sendo bastante usada nas redes em algumas operações, mas eu acreditava que aqui na Bahia ela precisava do nosso swing para bombar de verdade”, disse.

Para isso, Galiza precisou correr atrás da autorização de Mãe Nininha, que era resistente a deixar a música ter uma nova versão por causa dos vídeos de violência policial.

“Minha cruz foi essa, buscar a liberação, ir atrás de Mãe Nininha e transforar essa música, mas para a minha surpresa, ela me recebeu super bem na cidade dela, em Goiana, no Pernambuco, e aceitou a proposta do remix”, relembrou.

Para entender quem é a figura responsável pela canção, Mãe Nininha de Oyá é uma artista folclórica e funcionária pública aposentada. A figura de Nininha é conhecida na região e por manter um terreiro de candomblé da Nação Ketu na cidade, por isso a música passou a ser associada a religião. No entanto, Nininha garante que a música foi feita apenas para o neto.

“Começou tudo para um neto, e para alguns netos. Minha filha ia lá para casa passar o final de semana com esse neto, e quando era na segunda-feira ia embora com esse neto. Eu dizia ‘não leve meu neto’. Como eu sou mestre de coco, sempre fiz música, pensei “vou fazer uma para cantar quando meu neto fosse embora”, contou Nininha a Galiza.

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