Indústria de alimentos projeta cenário positivo em 2025

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Investimentos bilionários, tecnologia e sustentabilidade impulsionam setor que emprega 10% da PEA do país

O ano de 2024 foi marcado por avanços para a indústria de alimentos no Brasil. O setor teve destaque com as exportações, que atingiram US$ 30,7 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 8,5% em valor e 19,1% em volume em relação ao mesmo período de 2023. 

Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) que revela, ainda, que, em relação ao crescimento das vendas reais entre janeiro e junho, o faturamento alcançou R$ 586,2 bilhões. 

Além dos resultados financeiros, a indústria de alimentos reafirmou seu papel como o maior empregador no setor industrial brasileiro, gerando mais de 150 mil postos de trabalho diretos e indiretos apenas no primeiro semestre. A Abia destaca que o setor emprega 10% da população economicamente ativa (PEA) no Brasil.

Os dados reforçam a relevância do setor para a economia nacional, e as informações do mercado indicam um cenário positivo para 2025, marcado por investimentos, atenção à sustentabilidade e foco na alimentação saudável.

Pacote prevê R$ 120 bilhões em investimento

Em julho, durante reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Abia anunciou um pacote de investimentos de R$ 120 bilhões até 2026. O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que os recursos estão alinhados a programas federais, como a “Depreciação Acelerada” e o “Brasil Mais Produtivo”. 

As iniciativas estimulam a renovação de máquinas e equipamentos para impulsionar a competitividade, a descarbonização da cadeia produtiva, a eficiência energética e a produtividade. Cerca de R$ 75 bilhões serão destinados à ampliação e modernização de plantas industriais, enquanto os R$ 45 bilhões restantes financiarão pesquisas, desenvolvimento e inovação.

Uso de novas tecnologias é realidade em 2025

De acordo com a Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), a integração entre métodos tradicionais e novas tecnologias em alimentos e bebidas será um movimento natural em 2025, com a implementação de ferramentas como a Inteligência Artificial (IA). 

Na prática, a adesão à tecnologia pode ser feita de forma simples. Saber como usar a planilha de controle de produção integrada à IA, por exemplo, pode ajudar a prever gargalos, otimizar processos e garantir um fluxo produtivo alinhado às demandas do mercado global. 

A modernização tecnológica tem se tornado uma estratégia importante para a indústria de alimentos, possibilitando acompanhar cada etapa da cadeia produtiva e aumentar a competitividade. Ao adotar os melhores sistemas de gestão empresarial, também chamados de sistema ERP, a empresa pode reduzir os custos operacionais em até 20% e aumentar a produtividade em 24%, segundo estudo da Aberdeen Group.

Compromisso com a sustentabilidade em alta

A sustentabilidade também tem sido uma prioridade para a indústria de alimentos, presente na agenda do setor, conforme o economista representante da Abia, Claber Sabonaro.

Segundo ele, a adoção de tecnologias de rastreabilidade tem permitido reduzir desperdícios e aumentar a eficiência da produção. As tecnologias, como a Indústria 4.0, também  possibilitam uma resposta ágil às variações de demanda. Dessa forma, os alimentos se tornam mais competitivos e acessíveis à população, ao mesmo tempo que o setor diminui os impactos ambientais.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 89% das empresas industriais brasileiras já implementaram iniciativas para reduzir resíduos sólidos, enquanto 86% otimizam o consumo de energia e 83% melhoram o uso da água. Além de fortalecer o compromisso do setor com a sustentabilidade, as práticas ajudam a construir uma imagem positiva junto ao mercado consumidor.

Alimentos saudáveis se destacam no mercado

O segmento de alimentos saudáveis tem se destacado como um dos mais promissores da indústria alimentícia. De acordo com a Euromonitor International, o setor deve crescer 27% até dezembro, impulsionado pela demanda por produtos naturais e funcionais.

Segundo pesquisa da Kantar, durante o início da pandemia, 33% dos brasileiros passaram a consumir mais verduras, legumes e hortaliças. Entre eles, 67% afirmaram que pretendiam manter esse hábito no longo prazo.

A tendência também se reflete no mercado global de alimentos voltados para saúde e bem-estar, que deve movimentar US$ 452,93 milhões até 2027, com crescimento anual de 8,5%, de acordo com um levantamento da Technavio, empresa canadense de pesquisa de mercado.